Ela observou seus olhos firmes e confortantes, eles eram a resposta. De relance percebeu um vestígio de lágrima em sua face, ele chorara. Não aguentaria tal despedida, a data não facilitava, era dia dos namorados, após tantos anos de juventude juntos, apenas a sua partida foi capaz de despertar o amor em ambos. Por trás de brigas e desentendimentos o amor prevalecia. Com a
leveza de uma pena ela sentiu a mão de seu odiado roçar na sua - será uma tentativa?- Ela não entendia, nenhuma dos dois se
expôs, o trem estava para chegar, cada segundo, cada batida tomava sua mente. O clima era congelante, assim como seus corpos. Um som afirmava o pior, o fim estava por vim, e o transporte estava a carrega-lo. Seus estreitos lábios se descolaram, e juntos produziram um único som, com sua voz rouca pelo frio -Eu te...-Ele a olhou, o encontro de olhar foi inevitável, seus olhos a traíam, a jovem não poderia, não teria forças, era uma covarde, assim como se via, e futuramente não ia se perdoar, era a penúltima vez que veria seu amado, a última ele estaria
acompanhado da morte. - Eu também te adoro- A frase fora completada pelo jovem, não correspondendo aos seus sentimentos, não por falta de heroísmo, ele apenas tinha conhecimento de que não poderia fazê-la feliz, era triste, contudo ele sentia, seu destino fora traçado.
Lê